terça-feira, 13 de abril de 2010

Pesquisa chega a Óbidos, cidade mais portuguesa da linha do Equador

O retorno à sede do município de Santarém (PA) foi feito na noite de quinta para sexta-feira, dia 8 de abril. De lá viajaram para Brasília José Maria Rodrigues, coordenador geral de apoio à manutenção escolar do FNDE, e Renata Maia-Pinto, líder da frente de pesquisa do barco.
Os pesquisadores passaram o dia inserindo no sistema os dados coletados em pesquisa durante a semana. No sábado, às 10h da manhã, o barco Natureza saiu de Santarém em direção ao município de Óbidos, também no Pará. Após subir o rio Tapajós e entrar pelo Sururu, a embarcação chegou ao rio Amazonas. Seguindo contra o fluxo do Amazonas, o Natureza atracou no porto da cidade de Óbidos, sede do município.
O porto de Óbidos, em frente à garganta do Amazonas. Foto: Fábio Tito
Apontada como a cidade mais portuguesa da linha do Equador, Óbidos possui diversos edifícios tombados como patrimônio histórico. As construções no local começaram a ser feitas em 1697, fundando a base de um forte que garantiria o domínio português no rio Amazonas. O ponto é estratégico, pois fica à beira de uma garganta que é passagem obrigatória de quem sobe ou desce o rio.
A área de várzea do município é extensa e possui diversas escolas. Logo que chegou, a equipe de pesquisadores foi surpreendida por uma notícia inesperada. "As escolas de várzea entram de férias na época da cheia do rio. As aulas acabaram no final de março", avisa Irami Canto Tavares Filho, coordenador de transporte escolar do município. Segundo ele, as 31 escolas que ficam na várzea seguem um calendário diferente, que vai de julho ou agosto de um ano até março do ano seguinte - o período de seca. "Durante a cheia, muitas escolas na região ficam alagadas e é impossível ter aula", justifica.
No domingo (11), o coordenador guiou os pesquisadores de lancha até Igarapé Grande, que fica na região de terra firme mas possui grandes lagos entre as comunidades. Lá as escolas seguem o calendário regular, e alguns estudantes precisam ir de barco até a aula. A equipe visitou alguns barqueiros que fazem o trajeto desses alunos e programou as rotas a serem acompanhadas no início da semana.
O secretário municipal de Educação e o
coordenador de transporte escolar conversam com
o pesquisador Marcelou Bousada. Foto: Fábio Tito
Na volta, os pesquisadores entrevistaram o secretário municipal de Educação, Edson de Pádua. Ele também falou sobre a complexidade dos calendários escolares no município, e ressaltou a longa jornada que os estudantes às vezes precisam enfrentar por causa do transporte. "Há crianças que saem de casa às 9h para assistirem aula à tarde, e só chegam de volta em casa às 21h. Isso faz que o tempo de convívio com a família seja muito pequeno", afirma. Em sua opinião, uma alternativa de transporte mais rápido ajudaria muito a evitar situações como essa.
Por Fábio Tito, de Óbidos

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